terça-feira, 22 de setembro de 2009

Primavera

Se tem uma coisa que me deixa muito feliz é acordar e ver que as minhas plantinhas estão florescendo. E isso aconteceu com a minha Primavera, que estava tão fraquinha, sequinha e feinha... Vi que as primeiras “flores” (que na verdade não são flores, são brácteas – folhas modificadas) começaram a sair.

Para homenagear a primavera (a planta e a estação que chega hoje), vou postar um texto que escrevi há um tempão e que adoro.

A prima Vera

Verinha tinha 10 anos, uma mocinha-moleca, diria o meu pai. Sua mãe adorava deixá-la toda fru-fru: sempre com seus vestidinhos floridos, casaquinhos de tricot, longos cabelos penteados e amarrados por presilhas de coraçõezinhos, sapatinhos impecáveis de vinil. Uma bonequinha de porcelana. Ah, claro, mas meu pai diria que ela é uma mocinha-moleca...

É que Verinha, apesar de estar sempre impecável, era uma moleca mesmo. Adorava subir nas árvores que tem no sitio da vovó para se esconder do nosso tio. O Tio Alfredo, que sempre vem com umas brincadeiras que a gente não gosta. É que ele fica apertando a nossa bochecha, contando umas histórias chatas de quando ele era criança.

Mas voltando ao assunto... Além de subir em árvores, Verinha adorava brincar com os meninos: jogava bola, brincava de pega-pega (e sempre era a ultima a ser pega!) e até andava de skate. Tá certo que ela sempre levava uns tombos...

Quando Verinha se cansava das molecagens, ela adorava descansar em frente ao jardim do meu prédio e observar as flores e suas cores. "Que linda é a natureza, não é?", Verinha me perguntava. E nós ficávamos admirando a natureza, seguindo as borboletas e imaginando o que elas pensavam enquanto voavam.

Depois chegava a hora do jantar. Minha mãe interfonava lá pro Seu Moisés, o porteiro do meu prédio, e pedia para chamar a gente. Que pena, acabava mais um dia de férias. Terminado o jantar, a gente podia ver mais um pouco de televisão, mas só um pouquinho, porque depois minha mãe era dura: tomar banho e cama, sem chorumelas!

Foram quinze dias de muita diversão com a Verinha, a minha prima. Mas um dia, que pena, ela teve que ir embora. Ela estava aqui em São Paulo só de férias... Eu sentiria falta da Verinha, das nossas brincadeiras, das nossas conversas, das horas que passamos em frente ao formigueiro imaginando as formiguinhas conversando... "Que imaginação fértil vocês têm", diria meu pai.

Mas, por outro lado, saberia que tinha uma prima muito legal e que com certeza passaríamos outras férias juntas. Ela morava no Rio de Janeiro, mas não perderíamos o contato... Poderíamos trocar e-mails sempre! Poderíamos? Não, claro que não!

De repente papai entrou no quarto me chamando para jantar. "Ju, vem jantar filha, já está na mesa!". Acordei assustada...

É que mamãe, certa vez, no final do inverno, disse: A primavera está chegando, a primavera está chegando. E eu adormeci tentando me lembrar: mas afinal, quem é essa tal de prima Vera? Não tenho primas...

* A primavera começa no dia 22 de setembro e termina dia 21 de dezembro, quando chega o Verão. Verão é a Verinha já crescida, que virou um mulherão!

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